Manoela Martins – Cultarte

Manoela Martins – Cultarte


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ASCULT ENTREVISTA
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Manoela Martins Ribeiro de Andrade
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Grupo de Gestão e Economia da Cultura
Assessoria de Cultura e Artes (Ascult) da UNEB
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.  O QUE É O CULTARTE?
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.  Bem, CULTARTE quer dizer Coletivo Arte e Cultura do Cabula, mas sua abrangência vai muito além desta definição. Ele é uma das “ramificações” do Projeto de Turismo de Base Comunitária (TBC), coordenado pela Profa. Dra. Francisca de Paula, que atua na área que compreende 17 (dezessete) bairros do Arenoso, Beiru/Tancredo Neves, Cabula, Doron, Engomadeira, Estrada das Barreiras, Arraial do Retiro, Fazenda Grande do Retiro, São Gonçalo do Retiro, Mata Escura, Narandiba, Novo Horizonte, Pernambués, Resgate, Saboeiro, Saramandaia e Sussuarana, que, para alguns moradores destes, considera-se a área do antigo Quilombo Cabula.
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.  QUAL A HISTÓRIA DO COLETIVO?
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 O Coletivo foi criado em 13/03/13 e surgiu a partir de uma necessidade dos artesãos e artistas diversos residentes destes bairros, durante a realização do I Encontro de Turismo de Base Comunitária e Economia Solidária – I ETBCES. Daí, esta demanda foi levada por Rosane Sales (na época articuladora no referido Projeto) até à Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares – ITCP. Assim, começou a intervenção da ITCP no grupo, construindo conjuntamente a sua organização. Desta maneira, sob as Coordenações da Prof.ª Bia Simon e o Prof. Cid foi criada uma Identidade Visual (marca), graças a um trabalho feito com os alunos de Design.
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.  E QUAL A SUA HISTÓRIA COM O COLETIVO?
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.  Minha história com o Cultarte começou em 2014, quando escrevi um Projeto de Feira Permanente de Artesanato na UNEB, apresentando este para a então Vice-Reitora Profa. Adriana Marmori, que achou uma excelente ideia. Sabendo deste meu desejo, fui convidada pela Profa. Bia Simon para participar de uma reunião do Coletivo, que eram realizadas em uma sala ao lado do Almoxarifado Central da UNEB. De lá para cá, nunca mais deixei de estar com o Coletivo; ao ponto de eu solicitar autorização a Profa. Isa Trigo (Coordenadora do Núcleo de Arte – NART/PROEX) para que as reuniões pudessem ser realizadas na nossa sala, pois teve um período que elas não contavam mais com o suporte da sala em que se reuniam.
Durante todo este período acompanhei como Articuladora Institucional designada na Assessoria para acompanhar as ações do grupo. Apesar de todos os esforços para organizá-las só em 2019 foi feita a proposta de elaboração do Regimento Interno do Coletivo, que também participei.
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.  QUEM PARTICIPA DO CULTARTE?
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.  Artesãos(sãs) e pessoas que realizam trabalhos manuais relacionados ao projeto TBC Cabula, residentes no território do Antigo Quilombo Cabula, cujos bairros já citei anteriormente. Atualmente, não temos integrantes de todos os 17. Na sua grande maioria são mulheres que tem como principal fonte de renda o artesanato e trabalhos manuais.
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.  QUAIS OS CRITÉRIOS PARA PARTICIPAR?
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.  Para fazer parte do Coletivo é necessário:
– ser residente no bairro do Cabula e entorno da UNEB Campus I ou de comunidades reconhecidas, pelo saber popular, como localidades do antigo Quilombo do Cabula.
– ser artesã ou artesão (produtos manuais);
– ter aprovação junto às Comissões Administrativas e Secretaria e Avaliação de Produtos.
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.  QUAIS AS ATIVIDADES QUE O COLETIVO DESENVOLVE?
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.  O Coletivo se reúne a cada 08 (oito) dias para realizar ações para organização de eventos que participa, tanto internamente (UNEB), no espaço de Economia Solidária que ocupam, ou na Feira Agroecológica, por exemplo, além de feiras e eventos ligados a Artesanato e/ou Economia Solidária.
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.  DURANTE ESSE TEMPO DE EXISTÊNCIA DO COLETIVO, QUE AÇÃO/ATIVIDADE VOCÊ DESTACARIA?
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.  Com certeza a elaboração final do Regimento Interno do Coletivo, eu destacaria como um marco importante; pois, pela sua natureza, de ser um grupo “autogestionário” que não se designa como associação ou cooperativa, motivo pelo qual várias discussões foram realizadas para se analisar como poderíamos entender melhor sua constituição.
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.  QUAL A RELAÇÃO DA ASCULT COM O CULTARTE?
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.  Desde que comecei a participar do grupo o Núcleo de Arte e desde 2017, a Assessoria de Cultura e Artes presta assessoramento através da articulação institucional com o Coletivo dando apoio no âmbito administrativo, logístico, entre outros, com vistas a formalização desse.
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.  VOCÊ CONSIDERA QUE AS PESSOAS ESTÃO SE MOSTRANDO MAIS INTERESSADAS EM COMPRAR DIRETO DE QUEM FAZ? COMO VOCÊ, E O CULTARTE, PERCEBEM ESSE MOVIMENTO?
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.  Não é uma resposta fácil de ser dada, porque aqui nós temos alguns paradoxos. Com os tempos tecnológicos que vivemos, nem sempre o trabalho artesanal é valorizado como deveria. O Cultarte desde o ano passado ocupa um espaço destinado à Economia Solidária, onde divide suas atividades com um espaço que também acolhe aulas de Mestrado/Graduação e onde funciona a exposição dos produtos confeccionados por seus artesãos/ãs.
Apesar disso, a procura por estes tipos de produtos também é significativa pela natureza desses e pelo fato de se tratar de serem algo único, feito especialmente para quem solicita, além do valor agregado somado a cada peça. O Cultarte vive um movimento bacana e neste contexto, o Projeto TBC tem uma importância fundamental, no desenvolvimento dos princípios da Economia Solidária (autogestão, democracia, solidariedade, cooperação, respeito à natureza, comércio justo e consumo solidário).
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.  QUAL A IMPORTÂNCIA DO CULTARTE PARA A UNEB?
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.  A articulação do Cultarte com a Universidade é muito importante porque estabelece uma relação com a comunidade do entorno, diminuindo as distâncias, abrindo as portas para que ela possa cumprir o papel, junto à sociedade baiana. O fato da UNEB estar localizada aqui tem um significado especial para a comunidade, já que é um símbolo também de resistência.
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